Manual Rápido de Lógica Dilmística ou Ensaio sobre a cegueira voluntária

PIB 2012 será de 2%

Entreouvido filosófico no além

Afinal, é melhor aspirar a uma “carreira” mais longa ou mais intensa?

 

Ele é um mestre nisso!

Boa coincidência acompanhar o Sr. Obama proferindo o tradicional discurso “State of the Union” depois de um finde com Schopenhauer e seus 38 estratagemas para, digamos assim, “ter sempre razão”, ainda fresquinhos na cabeça. Recomendo a leitura.
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Mas vamos combinar: com crise, os problemas deles e tudo, dá uma pontinha de inveja ver um país onde o presidente profere um discurso anual sobre o Estado da União diante do congresso, hoje de maioria oposicionista, onde esta mesma oposição, ainda que numa fase confusa, existe de fato e comenta o discurso logo depois, no mesmo canal – mesmo esta sendo uma oposição “errada” para um presidente “certo” – uma realidade crua melhor do que qualquer uma dessas “utopias” de manual, onde o mundo é sempre melhor, tão bom que uma oposição sequer precisa existir, já que todos estão livres para concordar…

Mr. Obama, definitivamente um mestre na Arte de Ter Razão (segundo Schoppy)

Totalitarismo em gotas

Assisti ao videozinho bem produzido estrelado pelos globais de sempre e alguns novos. Então, seguindo sugestão, resolvi pensar um pouquinho…

Belo Monte é uma obra superfaturada e vai ser instalada num local onde há seca prolongada? Sendo assim, até aí, eu fico indignado também. Ponto.

Mas e a energia eólica – quando não venta, faz como? Quanto custa sua implantação? Qual sua eficiência energética?

E os “índios”, quando vão virar cidadãos brasileiros de verdade, sujeitos aos mesmos direitos e, principalmente, deveres? Quando deixarão de ser equiparados às crianças e incapazes? Uma reserva indígena é um país à parte? Devem vigorar outras leis? Quem deve ter a soberania sobre estas áreas: o Brasil ou os países representados pelas ONGs nefastas que só querem nosso atraso?

Me lembrou a celeuma em torno do novo código florestal, cuja campanha contrária foi capitaneada por gente que ou não leu o texto ou mentiu dizendo que ele continha coisas que não continha.

Eu li.

Voltando às perguntas – Comida nasce em gôndolas de supermercado? Existe almoço grátis? E energia?

Mas o pior não está aí.

Como sempre desconfio de boas causas – milhões de pessoas já foram e continuam sendo mortas em nome de algumas – Eu li a apresentação do site do movimento Gota d’Água. Em 18/11/2011, o conteúdo integral era o que está no fim deste post.

Belo Monte é só uma isca, e eu tô fora dessa “causa”! Não pela Belo Monte em si, que tem cheiro, cor e gosto de escárnio, como projeto e como política – também posso ser contra, mas não por ser uma hidrelétrica. O que este movimento pretende é outra coisa. É consolidar um método.

Vejamos o que eles dizem:

“Queremos mostrar que o bem é um bom negócio” – Conforme o noticiário envolvendo ONGs boazinhas, partidos e ministros nos mostra dia sim, dia também, isso não é nenhuma novidade, é fato! 

“O Gota D’Água é uma ponte entre o corpo técnico das organizações dedicadas às causas socioambientais e os artistas ativistas.” – Ah, tá, agora entendi… Se você é um artista em busca de uma causa, o Gota d’Água é o lugar certo!

“A missão da Gota D’Água é comover a população para causas socioambientais utilizando as ferramentas da comunicação em multiplataforma (…) Nossa proposta é usar estas inovações para seduzir e mobilizar a sociedade para causas socioambientais.” – o que isso quer dizer? Bem isso eles não dizem, mas é algo mais ou menos assim: “As causas nós (o corpo técnico das organizações dedicadas às causas socioambientais e os artistas ativistas) decidimos. A vocês, distinto público, cabe a missão de nos emprestar alguma credibilidade sempre que tocarmos nosso berrante.”

Hoje é Belo Monte. Amanhã…

Agora vejam o voto ditrital, por exemplo. O projeto de reforma política que pode tirar o Brasil do atraso de verdade e até criar mais dificuldades para futuras “Belomontes” estacionou em menos de 120 mil assinaturas até o momento em que redigi este post, e está no ar há meses. Já a histeria “gotadagüística” acumulou muitas centenas de milhares de assinaturas em dias… Uau, essa causa deve ser boa mesmo!

Eles acreditam que um mundo melhor é possível. Eu continuo acreditando que o mundo possível é melhor.

 

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Íntegra do texto de apresentação do projeto Gota d’Água em 18/11/2011

Um mundo melhor, mais consciente e solidário.

O Movimento Gota D’ Água surgiu da necessidade de transformar indignação em ação. Queremos mostrar que o bem é um bom negócio e envolver a sociedade brasileira na discussão de grandes causas que impactam o nosso país. Utilizamos nossa experiência em comunicação para dar voz aqueles que se dedicam a estudar o impacto que as decisões de hoje terão no amanhã. O Movimento apoia soluções inteligentes, responsáveis, conscientes e motivadas pelo bem comum. O Gota D’Água é uma ponte entre o corpo técnico das organizações dedicadas às causas socioambientais e os artistas ativistas.

A primeira campanha do movimento discute o planejamento energético do país pela análise do projeto da hidrelétrica de Belo Monte, a mais polêmica obra do PAC. O braço técnico desta campanha é formado por especialistas ligados a duas organizações de reconhecida importância para a causa: “Movimento Xingu Vivo Para Sempre” e o “Movimento Humanos Direitos”.

A missão da Gota D’Água é comover a população para causas socioambientais utilizando as ferramentas da comunicação em multiplataforma – Hoje existem inúmeros caminhos de se produzir conteúdo relevante para atingir e envolver as mais diversas audiências nos mais diferentes meios. Nossa proposta é usar estas inovações para seduzir e mobilizar a sociedade para causas socioambientais.

Conselho: Maria Paula Fernandes, Sergio Marone, Marcos Prado, Juliana Helcer, Enrico Marone, Ana Abreu, Sérgio Maurício Manon, Tica Minami, Ricardo Rezende, Luciana Soares de Souza, Ana Luiza Chafir, Thiago Teitelroit, Maria Paula Fidalgo, Luiza Figueira de Mello, Paulo Fernando Gonçalves, Carolina Kuenerz, Fernanda Mayrink, Miguel Pinto Guimarães.

Alô, Dimenstein: eles também acham que a função do jornalista é educar seus leitores.

Como o Reinaldo Azevedo apontou em seu blog (aqui e aqui) Roberto Dimenstein produziu dois textos para dizer o mínimo sofríveis a respeito da doença de Lula e seus desdobramentos na imprensa e opinião pública. (Aqui o primeiro texto) No segundo texto, Dimenstein chega ao fim com esta pérola:

“Isso significa quem um dos nossos papéis como jornalistas é educar os e-leitores a se comportar com um mínimo de decência.”

Então, para falar em um terreno, ele entrou em outro bem mais pantanoso: em minha humilde opinião, imprensa para “educar o povo” é coisa típica de totalitarismos. Todos os caras que acreditaram ou acreditam que a função do jornalista é “educar seus leitores”, invariavelmente tinham ou têm um ou até todos estes traços em comum: egolatria, fetiche com bigodes e barbas exóticos, fardas/ternos bem cortados, discursos inflamados e longos e a certeza de que sabem qual é o “caminho certo” que o mundo e a história devem seguir. Os mais “modernos(!)” vez por outra até usam agasalhos esportivos…

Pessoalmente, gosto quando os jornalistas têm opinião firme, sem vergonha de expô-la, desde que se limitem a manifestá-la a reboque dos fatos que informam, e não o contrário, segundo suas (e de outros) conveniências ou motivações, digamos, “pedagógicas”. Jornalistas só atribuem tamanha “missão” à sua classe nas seguintes hipóteses: burrice, delírio egóico ou desvio de caráter.

Meditabundo…

Tente entender quão fácil está ou não o acesso a cada um destes ingredientes:

o silêncio,
o escuro,
a calma,
a meditação,
o raciocínio,
o respeito à lógica elementar,
a opinião,
a individualidade,
o erro e
a paciência para que à vida e às coisas seja dado o devido tempo, sem ansiedade.

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Não se dá liberdade, não se recebe liberdade. Só quando ela não existe.

Liberdade é um bem pessoal, indivisível e não-socializável.

Coletivo é gado, manada, cardume…

A batalha naval do fim do mundo

– B5!

– Água!

Quem aí já não passou bons momentos jogando Batalha Naval, aquela mesma, de papel e com quadradinhos?

Uma sucessão de pensamentos me fez lembrar do famoso passatempo, enquanto eu daqui acompanho os desdobramentos da esperada tragédia que assola cidades no estado do Rio de Janeiro.

Lembrei primeiro do meu pai, cujos encontros comigo sempre resultam em boas e longas discussões sobre tudo. E desse humor ranzinza, às vezes cáustico que herdei dele, Seixas em estado puro. Papai guarda no armário um pote cheio de rolhas, que de vez em quando ele mostra com um misto de orgulho e deboche: – É para quando vier a grande onda…

Numa dessas ele chamou minha atenção para o fato de que o fim do mundo não precisa de grande onda nenhuma. Nem grandes subidas de oceano ou mega derretimentos glaciais. Basta apenas um palmo de água permanente nas ruas. A Praça da Bandeira ou a região do Saara (ô, ironia besta), no centro do Rio, são pedaços do fim do mundo.

– Água!

Aí o amigo Romeu me lembrou hoje mesmo: o resultado da calamidade pluvial que se abateu na Austrália recentemente foi pouco mais de 3 dezenas de fatalidades, enquanto aqui sabemos que basta qualquer chuvinha dar uma engrossada para que aconteça o caos. Se for uma concentração pluviométrica acima da média, tragédia certa. E aqui no Rio isso é comum, embora a afirmação soe meio paradoxal.

– Água!

Corta para as notícias da tragédia desta semana no Rio.

Por alguma coincidência dessas, novamente o governador não está (nem) aí. Desta vez está de férias. Como, ao que parece, esteve nos meses entre a tragédia de Angra e Niterói e a atual. Na sua batalha naval, Sérgio Escabroso insiste na mesma jogada – faz um “número 2”  para todos nós. E sempre o mesmo resultado:

– Água! (Hmmm…. Número 2 + água? Será diarréia encefálica?)

Para fazer justiça, a culpa não é só dele, claro. Há décadas que a história se repete: quem tem grana, paga um por fora e constrói onde quiser. Quem não tem grana, dá uns votos e constrói onde quiser. E quem tem ou não tem grana, mas gosta de agir dentro da lei, consegue a sua licença para construir, ou compra sua casinha num lugar “legal”, e eventualmente se descobre em local de risco. Talvez tarde demais. A chuva vem e fode todo mundo democraticamente.

Aí vem o sol e ganhamos uns meses para montar nossa estratégia e continuar o jogo.

Ano que vem chegará novamente a vez da natureza jogar:

– 22° 54′ S, 43° 12′ W…

– Água! Muita água!

Entre fantasmas e assassinos…

Apresento aos leitores fragmentos de dois artigos reproduzidos pelo Instituto Von Mises do Brasil. Os links para os textos integrais estão no fim deste post.

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“Ordem e Progresso” tem sido o lema da bandeira brasileira desde que o país se tornou uma república em 1889. As palavras foram tiradas diretamente dos escritos de Auguste Comte. As ideias de Comte foram adotadas no século XIX pelas elites militares e políticas de grande parte da América Latina, e do Brasil em particular. Desde então, o espírito de Auguste Comte tem assombrado o subcontinente, e as consequências práticas dessa ideologia têm sido desastrosas.

O positivismo de Comte é melhor descrito como sendo uma ideologia de engenharia social. Auguste Comte (1798-1857) acreditava que após o estágio teológico e o estágio metafísico, a humanidade iria entrar no estágio principal, o “positivismo”, que para ele significava que a sociedade como um todo deveria ser organizada de acordo com conhecimentos científicos.”

(…)”Ludwig von Mises observou que “Comte pode ser desculpado, já que era louco no completo sentido com que a patologia emprega este vocábulo. Mas como desculpar os seus seguidores?”

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“O Chile na época do golpe militar estava imerso no caos econômico.  O presidente Allende, apesar de ter sido eleito com apenas 36% dos votos válidos (a direita teve 34,9% e os social-democratas, 27,8%), estava agressivamente implementando um programa econômico puramente marxista, como até mesmo o amplamente hostil obituário do The New York Times admite: “um programa socialista de confisco e estatização de minas, bancos e indústrias estratégicas; divisão e repartição de grandes propriedades rurais em fazendas comunais; e controle absoluto de preços”.  Não surpreendentemente, tais medidas, como o próprio Times reconhece, “rapidamente resultaram em acentuados declínios na produção, escassez absoluta de bens de consumo e inflação explosiva.”

Ademais, Allende centralizou e nacionalizou a educação e o sistema de saúde, distribuiu benefícios para seus aliados políticos e inflacionou alucinadamente a oferta monetária, o que levou ao colapso de toda a economia e ao endividamento maciço seguido do calote.  A inflação de preços foi combatida com o típico e anacrônico recurso do congelamento, o que deixou lojas e supermercados com prateleiras vazias, além de gerar revolta em todos os proprietários e empreendedores do país.”

(…)

“O general certamente não era nenhum anjo.  Nenhum soldado pode ser.  Ele foi repetidamente denunciado pela morte ou desaparecimento de mais de 3.000 cidadãos chilenos, além de acusado pela tortura de outros milhares.  É bem provável que um número substancial de chilenos inocentes tenha morrido ou desaparecido ou sofrido tratamentos brutais como resultado das ações de Pinochet.  Porém, em uma batalha para se evitar a imposição de uma ditadura comunista, é algo incontestável que a maioria daqueles que morreram ou sofreram torturas estavam preparados para infligir um número excepcionalmente maior de mortes e uma escala avassaladoramente maior de sofrimento aos seus conterrâneos.

A morte e o sofrimento desses propensos totalitários não deve ser lamentada, assim como não se deve lamentar as mortes de Lênin, Stálin, Hitler e seus respectivos auxiliares.  Tivesse havido um general Pinochet na Rússia em 1918 ou na Alemanha em 1933, as pessoas daqueles países, assim como o resto do mundo, estariam incomparavelmente melhores, exatamente em virtude da morte, desaparecimento e concomitante sofrimento de um vasto número de comunistas e nazistas.  A vida e a liberdade são positivamente auxiliadas pela morte e o desaparecimento desses seus inimigos mortais.  A ausência destas pessoas significa a ausência de coisas como campos de concentração e genocídios, e isso obviamente é algo que deve ser ardentemente desejado.”

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Os links para os textos integrais estão abaixo:

O espírito que assombra o Brasil

Ditaduras, relativismo moral e a necessidade de métodos brutais para se atingir o socialismo

Reserve 30 minutos…

Olavo de Carvalho, filósofo, jornalista e ensaísta. Não por acaso, o programa se chama TrueOutSpeak. Este foi ao ar em 03/01/2011. Só na internet. Os textos dele e o programa semanal podem ser acessados em  www.olavodecarvalho.org

(Bem) mais (do) que vergonha…


foto de André Coelho - O GLOBO

…Foi o que eu senti ao ver esta foto na galeria que ilustra uma matéria d’O Globo sobre o protesto de estudantes em Brasília contra o vergonhoso aumento do salário dos deputados, senadores e presidente. Alguém devia avisar o rapazola da foto que nem escrevendo assim será possível fazer Tiririca ler – muito menos entender – o que vai no cartaz.

O mundo do palhaço da Câmara resume-se a ter ou não sorte. O mundo do palhaço da foto resume-se ao uso de seus neurônios ser igual ao alcance de sua gramática, embora ele (pense que) estude.

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Olhando as outras fotos da galeria, entende-se o problema (o do cartaz, não o da motivação do protesto). Há bandeiras do MST(!!!), foices e martelos e outro cartaz de um tal M.J.R.S – Movimento da Juventude Revolucionária Socialista.

Estes jovens que em tão tenra idade já estão com o cérebro saturado de ideologia sem deixar espaço nenhum para algum conhecimento que valha a pena não conseguem perceber quão diretamente ligadas estão suas opções políticas, o assassinato da gramática e a tunga no nosso bolso.

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Merecemos, merecemos…