Alô, Dimenstein: eles também acham que a função do jornalista é educar seus leitores.

Como o Reinaldo Azevedo apontou em seu blog (aqui e aqui) Roberto Dimenstein produziu dois textos para dizer o mínimo sofríveis a respeito da doença de Lula e seus desdobramentos na imprensa e opinião pública. (Aqui o primeiro texto) No segundo texto, Dimenstein chega ao fim com esta pérola:

“Isso significa quem um dos nossos papéis como jornalistas é educar os e-leitores a se comportar com um mínimo de decência.”

Então, para falar em um terreno, ele entrou em outro bem mais pantanoso: em minha humilde opinião, imprensa para “educar o povo” é coisa típica de totalitarismos. Todos os caras que acreditaram ou acreditam que a função do jornalista é “educar seus leitores”, invariavelmente tinham ou têm um ou até todos estes traços em comum: egolatria, fetiche com bigodes e barbas exóticos, fardas/ternos bem cortados, discursos inflamados e longos e a certeza de que sabem qual é o “caminho certo” que o mundo e a história devem seguir. Os mais “modernos(!)” vez por outra até usam agasalhos esportivos…

Pessoalmente, gosto quando os jornalistas têm opinião firme, sem vergonha de expô-la, desde que se limitem a manifestá-la a reboque dos fatos que informam, e não o contrário, segundo suas (e de outros) conveniências ou motivações, digamos, “pedagógicas”. Jornalistas só atribuem tamanha “missão” à sua classe nas seguintes hipóteses: burrice, delírio egóico ou desvio de caráter.