Desde os bancos da praia,
contemplando a areia…
A voz já calada,
os ouvidos cansados
os olhos, fechando
e o tédio aumentava.
Num suspiro constato
após novo desmando
que a vida é de fato
ver os anos passando…
Para lá e para cá,
seja indo ou voltando…
Ah…
Os anos passeando.
A memória embargada
da vida passada
quando eu era mais livre
pra assumir que pensava.
Agora penso e não falo,
já não sou mais tão livre
pra falar sem pensar,
manda a nova etiqueta:
– senão o falo vai cantar!
Neste meu ostracismo,
de alegria abafada,
qual terá sido o (s)”ismo”
que cortou minha estrada?
Procurei o epicentro
olhando os passantes,
talvez um vislumbre
revelasse o fim d’ “antes”.
Todos bem apressados,
sequer um me notava.
Finalmente, uma turma
encarou-me enfezada.
Uns com seus quépes verdes,
outros negras camisas,
alguns clones vermelhos,
sssibilantes divisas.
Irmanados no orgulho
ostentavam o pendão:
Saudação “nacional”,
levantavam-se as mãos…
Nada pude dizer,
em silêncio parti
pensando e andando,
não ousei dividir.
Sentei n’outro banco
de um cinza cimento
e o odor da areia,
encerrou meu tormento.
Respostas que grassam
no esgoto da praia:
– a merda é sempre igual,
os ânus é que passam.